Calcário Agrícola : Consumo Nacional Em Alta

            O mercado de calcário agrícola no Brasil reagiu positivamente em 2000, após apresentar um fraco desempenho no ano anterior, com retração no consumo de 6,7%, situando-se em apenas 15,3 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (ABRACAL). Constatou-se queda nas vendas em diversos Estados como Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Este último ocupou em 1999 a primeira posição no consumo, apesar de registrar retração de 11% em relação a 1998, totalizando apenas 3,2 milhões de toneladas, segundo dados do Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo (SINDICAL). Tal redução deve-se, principalmente, à crise no setor sucroalcooleiro, no início de 1999, com excesso de oferta de cana-de-açúcar e de álcool no mercado, deprimindo os preços externos e internos. Ademais, a retração das cotações do suco de laranja contribuiu no declínio das vendas para a citricultura.
            Em 2000, no período de janeiro a agosto, o consumo no Estado de São Paulo, segundo estimativas preliminares do SINDICAL, totalizou 1,868 milhão de toneladas, observando-se aumento em torno de 6,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A maior demanda do setor sucroalcooleiro foi provocada pela renovação/expansão da área com canaviais, após a recuperação dos mercados de cana, do açúcar e do álcool que incentivaram as usinas a utilizarem mais calcário na atividade. Por sua vez, as vendas para a citricultura ainda exibem retração, pois os preços recebidos pelos produtores não se recuperaram, assim como as exportações de suco de laranja permanecem estagnadas.
            Os preços médios de calcário pagos pelos agricultores no Estado de São Paulo, em agosto de 2000 (FOB - posto fábrica), situaram-se, segundo estimativas, em R$12,65/t (considerando-se o volume global comercializado no Estado). Levando-se em conta apenas as vendas da indústria paulista, responsável por cerca de 80% da comercialização (no período de janeiro a agosto de 2000), o preço médio foi de R$13,26/t. O custo do transporte de calcário, principal item que onera o preço final desse insumo, foi encarecido pela majoração dos preços dos pedágios nas estradas paulistas e pelo aumento dos preços do óleo diesel e dos lubrificantes. Segundo fontes do setor, estima-se que o custo médio do transporte rodoviário no Estado gira em torno de R$14,00/t.
            No Rio Grande do Sul, o terceiro maior Estado consumidor de calcário nacional, a quantidade produzida e comercializada pela indústria gaúcha no período de janeiro a agosto de 2000 somou 1,312 milhão de toneladas, aumentando 15,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo estimativas do Sindicato da Indústria e da Extração de Mármore, Calcário e Pedreiras no Estado do Rio Grande do Sul (SINDICALC).
            De acordo com o Plano de Safra 2000/01, o Governo Federal disponibilizará recursos da ordem de R$300 milhões para o Programa de Incentivo ao Uso de Corretivos de Solos (PROSOLO), com vigência até 30 de junho de 2001. Esse programa foi instituído pelo Banco Central (Resolução no 2.534 de agosto de 1998), com a administração direta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social/Agência Especial de Financiamento Industrial (BNDES/FINAME), sendo operacionalizado pelos agentes financeiros.
            Desde o início do PROSOLO até julho de 2000, o valor dos recursos liberados somou apenas R$150,9 milhões. Essa baixa liberação de recursos pode ser explicada pelas exigências de garantias no crédito bancário e o pouco apoio dos agentes financeiros ao programa, tendo em vista, principalmente, o risco de inadimplência dos agricultores, o baixo spread e o retorno mais demorado do que outros negócios, como o financiamento de custeio.
            O Programa, que até então destinava-se à aquisição, transporte e aplicação de corretivos agrícolas, também passou a incluir os gastos efetuados pelos produtores com adubação verde. Tal reformulação foi incorporada na Carta Circular no 24/2000 do BNDES, de 14/08/2000, que apresenta as seguintes condições de financiamento: prazo de pagamento de até cinco anos, com até dois de carência, taxa de juros de 8,75% a.a. e limite de R$40 mil por produtor ao ano.
            A previsão do setor de calcário agrícola para 2000, segundo a ABRACAL, é de que cresça o consumo no Estado de São Paulo em torno de 10% em relação ao ano anterior, considerando-se principalmente o desempenho do mercado para a cana-de-açúcar, com destaque para a expansão do plantio da cana de 12 meses na Região Centro-Sul. O otimismo somente não é mais expressivo devido à quebra de safra provocada pelos distúrbios climáticos, como a seca e as geadas.
            Em nível nacional, as perspectivas para o setor também são favoráveis esperando-se que o consumo situe em torno de 17 milhões de toneladas, contra 15,3 milhões de toneladas em 1999, em função dos bons preços para vários produtos agrícolas, principalmente milho, algodão e soja, além da cana, do açúcar e do álcool. Estima-se crescimento no consumo em vários Estados, como no Rio Grande do Sul em 10%, Minas Gerais em 5%, Goiás em 16% e Mato Grosso em 48%.
 

 

Data de Publicação: 23/10/2000

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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